Casa Cor Rio de Janeiro 2011 - O Estilo Contemporâneo de Viver ~ Circuito Estilo

domingo, 30 de outubro de 2011

Casa Cor Rio de Janeiro 2011 - O Estilo Contemporâneo de Viver

A edição do Casa Cor Rio de Janeiro 2011 transformou o belo casarão do século XIX – o Palacete Lenneo de Paula Machado – num palco composto por 54 ambientes assinados por 86 profissionais conceituados na área de arquitetura, paisagismo e design, onde o estilo contemporâneo de viver é sobreposto ao cenário clássico renascentista.
Talvez, devido às limitações quanto às intervenções na estrutura e nas instalações originais e ao respeito ao estilo arquitetônico do casarão, a 21ª edição do CC difere da maioria das anteriores, pela maior integração entre os ambientes, definindo uma unidade na mostra como um todo, em detrimento da marca de cada profissional ou grupo de profissionais em cada um dos espaços distintamente.
Criatividade e ousadia são os primeiros predicados encontrados ainda na área externa, inseridas no jardim e promovidas por um guindaste atirantando uma laje de concreto a uma altura de um pé direito com relação ao nível do chão, que define a projeção de um espaço aberto coberto e despojadamente ambientado, identificado como “a sala de picnic”.
Ainda acessados pelos jardins, restaurantes, lojas e espaços expositores são partes de um pavilhão construído na periferia do lote, com suas linhas sóbrias, neutras e contemporâneas, sem nada agredir a arquitetura original do solar, mas com seus interiores recheados de surpreendentes revestimentos, adornos e objetos – verdadeiras obras de arte.
Os elementos do paisagismo externo foram primorosamente respeitados e integrados aos espaços criados com transparência tal, preservando toda a perspectiva do entorno do casarão, tanto de dia quanto à noite - neste período, graças às técnicas e efeitos teatrais projetados pela iluminação artificial.
Internamente, pisos, paredes e tetos com seus adornos de diversas salas foram preservados e serviram como base para mobiliário e obras de arte e objetos criteriosamente selecionados.
Uma das pièces de resistance, a “sala de banho” do solar sofreu intervenção sutil e tão integrada ao estilo Art Déco original, como se fizesse parte da concepção de dois séculos atrás.
O lúdico e a criatividade sugerida também fazem parte dessa edição do evento através do espaço definido como “chapelaria”, onde não se guarda mais chapéus, mas aquilo que os chapéus “protegem” – memórias e recordações, através de objetos que todos temos em nossas casas, mas que, nem sempre, temos lugar para guardá-los ou expô-los.
O estado da arte dos revestimentos, louças e metais, tecnologia de imagem e som, automação, sistemas complementares para marcenaria, elementos de sombreamento de janelas, além de peças de mobiliário – clássicas ou produto da criação contemporânea – e equipamentos de iluminação estão presentes no Casa Cor 2011 – Rio de Janeiro.
Não cabe aqui, uma análise ou avaliação crítica de cada um dos espaços criados pelos profissionais dessa edição do Casa Cor, tampouco nominar cada um de seus componentes, sob o risco de desmerecer qualquer um, sejam criadores ou criaturas.
Contudo, cabe aqui uma crítica à atual edição e a edições anteriores do Casa Cor Rio de Janeiro e uma sugestão para as futuras edições. Pelo fato das instalações e estrutura do casarão não permitirem a proliferação de aparelhos de ar condicionado modelo split, como em edições anteriores, perdeu-se a oportunidade de minimizar o desconforto térmico, tanto dos usuários, quanto da equipe de apoio do evento, diminuindo-se a carga térmica proveniente da iluminação artificial.
O arquiteto Mauro Senna, mestre em conforto ambiental pela UFRJ e que assina a luminotécnica de seus próprios projetos de arquitetura, lamenta que, apesar da tecnologia dos leds e outras lâmpadas de baixo consumo de energia e de emissão de calor esteja em franca expansão e cada vez mais acessível aos bolsos dos consumidores do conceito de arquitetura de interiores difundido pelo Casa Cor, observa a insistência na utilização das lâmpadas halógenas e vapor metálico de forma generalizada, tanto nas edições do Casa Cor quanto nos espaços projetados extra eventos. Senna entende que a iluminação cenográfica, destacando ou dramatizando os espaços e objetos, é muito atraente em se tratando de eventos e exposições, mas lembra que vivemos numa era em que a arquitetura sustentável, conceito esse já adotado em algumas edições do Casa Cor em outros estados brasileiros, demanda a criatividade por parte dos profissionais para que passem a usar as novas tecnologias de iluminação – de forma tão inusitadas quanto vêem sendo usadas as lâmpadas e respectivos equipamentos de iluminação desde os meados dos anos 70 – em prol da racionalização do uso da energia elétrica e do conforto térmico dos usuários dos espaços habitados.

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